Bem, ela a patroa, uma mulher mais baixa que o chão. Parece que foi muito mal criada, no pior dos buracos imundos, e imundos entenda-se por sujidade de falta de moral.
Como pode valer alguma coisa uma pessoa que blasfema contra Deus? Certo dia andava ela com um fio de ouro no pescoço e um enorme pendente em forma de cruz. Tocou no pendente e disparou:
"Jesus, foi um estúpido, morrer assim como ele, só sendo um estúpido mesmo". Reconheço que cada um tem a sua crença e devemos respeitar uns aos outros, mas o que me chocou foi da maneira como falou, com uma total falta de emoção e com crueldade muito própria dela.
Um dia tivemos um embate a sério que não se desenrolou da maneira como eu estava a espera, tudo porque eu me deixei ir abaixo. Eu pareço ser forte, mas no fundo não sou e isso me deixa desiludida comigo mesma.
O trabalho é mais que muito e ainda por cima o programa informático enrola tudo. Naturalmente o meu trabalho está atrasadíssimo e ela então gritou em alto e bom som:
-
"Tenho que ver o que se passa aqui, alguma coisa passa-se de errado e eu tenho que ver o que é. O fulaninho quando fazia este trabalho, lançava, aquivava e estava sempre tudo em dia."
- Eu:
"se calhar quem não presta sou eu, arranje alguém que preste então!". Disse isso com a voz turva, e é isso que me chateia, quando estou nervosa e a discutir com alguém, tenho tanto para dizer e só consigo ter vontade de chorar.
Sem prolongar muito a história, ela ao me ver chorar acabou por abrandar e de má funcionária me tornei uma injustiçada, pois o meu colega me defendeu, ao me ver em prantos, ela então concluiu que o meu trabalho é prejudicado porque só tenho colegas que me atrapalham muito, estão sempre de roda de mim a fazer as perguntas mais imbecis e fazer eu perder um tempo precioso. Diz que entende que este tipo de trabalho requer alguma concentração e que a quebra constante de raciocínio atrapalha muito.
Mas eu engoli tudo o que queria lhe dizer e quando me lembro dessa situação digo-lhe tudo, mas mentalmente. E fico me corroendo jurando a mim mesma que um dia ela vai ouvir tudo e mais alguma coisa. Mas na verdade é bem provável que eu lhe diga uma mentira:
"vim entregar a minha carta de demissão porque vou mudar de actividade/trabalhar perto de casa". Nunca vou lhe dizer:
"vim entregar minha demissão porque você é uma filha da puta que subiu na vida na horizontal e soube para quem abrir a perna!", sim porque a meio da expressão
filha da puta já eu vou estar com a voz turva... que triste criatura sou!